Não é preciso ser muito sagaz para encontrar um calmante à vida dos mortos. Que espero eu, então, para conjurar a minha? Há-de chegar, há-de chegar, estou aqui estou a ouvir o grande berro que vai tudo apaziguar, embora não seja eu quem o há-de soltar. Enquanto se espera, inútil saber-mo-nos defuntos, não estamos, a gente torce-se ainda, os cabelos crescem, as unhas alongam-se, as entranhas esvaziam-se, todos os gatos-pingados estão mortos. Alguém puxou as cortinas, nós mesmos quem sabe. Nem o mais pequeno ruído. Onde as moscas que tão faladas foram? Há que render-mo-nos à evidência, não somos nós que estamos mortos, são todos os outros.from Molloy by Samuel Beckett
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