Neste mundo não existe a bondade absoluta nem a maldade absoluta.

O bem e o mal não são entidades estáticas e intangíveis, mas sim valores que estão sempre a trocar de lugar e de posição. O que hoje é considerado o «bem» pode transforma-se no «mal» enquanto o diabo esfrega o olho. O mesmo acontece no mundo que Dostoiévski descreve em Os Irmãos Karamázov. O importante é preservar o equilíbrio entre esse bem e esse mal em perpétuo movimento. O facto de um dos dois se inclinar demasiado para um lado dificulta a conservação da moral realista. Sim, o bem é o equilíbrio em si mesmo.


1Q84, Haruki Murakami